Quem assistiu e ouviu o testemunho de jovens drogados e vítimas de violência durante a Jornada Mundial da Juventude, ficou emocionado ao ver como as suas vidas ficaram transformadas pela fé ao ponto de continuarem com forte esperança, apesar de terem ficado por um bom tempo num túnel de desespero que parecia não ter saída.
Esses testemunhos nos convidam a uma reflexão mais aprofundada sobre como nós somos portadores de esperança para as pessoas em tantas situações de doença, problemas com drogas, desestrutura familiar, falta de emprego, políticos corruptos, violência e insegurança. De fato, todo isso só pode mudar se houver homens e mulheres dispostos a enfrentar essas realidades e com uma vontade muito forte para transformá-las.
O grito que veio das ruas nos deixou com a certeza que não falta vontade à juventude e isso se confirmou no grito e na alegria contagiante dos 3 milhões de jovens reunidos pacificamente no Rio de Janeiro. Foram jovens vindos de várias partes do mundo e de diversas culturas, mas irmanados na mesma fé e na esperança de uma humanidade mais fraterna e solidária.
Sim, a juventude ainda nos traz o fogo da esperança, aquece nossos corações e contagia gerações mais velhas. Precisamos agora canalizar este entusiasmo para que se torne operativo no cotidiano. Há necessidade de refletir sobre ações concretas e estratégias a curto e médio prazo para que de fato atinjamos sempre mais os bolsos de desespero, para que as pessoas mais sofridas se sintam amparadas e consoladas. Não adianta passar alguns dias na euforia ou de tentar perpetuar pequenos ninhos de aconchego. É bom estarmos no alto da montanha com Jesus ressuscitado e até é muito humano querer fixar lá nossas tendas, mas há necessidade de descer para a realidade da vida onde os assaltantes continuam destruindo a vida dos viajantes, onde os traficantes aliciam os jovens, e onde muitas pessoas são descartadas da convivência porque são pobres ou improdutivas. O Papa Francisco, com seus bem vividos 76 anos nos deu um exemplo de um homem de fé e esperança que acredita que é possível mudar as pessoas e as realidades sociais. Os jovens que testemunharam diretamente as transformações nas suas vidas e as tantas outras pessoas que às vezes durante muitos anos ficaram trabalhando na sombra para conseguir a inclusão e valorização de todos em uma sociedade mais justa, estão lá para nos dizer que podemos esperar e transformar esta esperança em gestos e ações concretas. Na realidade nos deixam um exemplo e um apelo para que nós também demos a nossa contribuição para diminuir o desespero de tantos. Se todos juntos fizermos da nossa esperança um fósforo para acender o fogo de um mundo de diálogo, encontro, inclusão e promoção dos direitos humanos, todos irão sentir-se melhores e mais felizes. O desespero ficará somente para aqueles que querem proteger um sistema de injustiça e corrupção e exclusão social, mas quem sabe até esses podem se contagiar pelo entusiasmo dos esperançosos.